O Fracassado.
Chegou tarde ao
apartamento, assim como em todos os dias, bêbado, sua cabeça girava como um
carrossel e na mente o fantasma que o atormentava, deixando claro que ele era o
único culpado por tudo que havia ocorrido nos últimos meses.
No quarto fétido
refletiu sobre sua duvidosa existência, desolado, havia se tornado fraco, um
mau exemplo para a sociedade. Quem uns meses antes diria que Ivan Senatore,
trabalhador responsável, e o trapo humano (que fitava com medo o pequeno
espelho laranja) tão pequeno até para aquele quarto, seriam a mesma pessoa?
Refletia toda vez,
dentre as coisas que fizera, sobre ter abandonado a única filha ainda bebê e
sobre os golpes aplicados contra a própria mãe e irmão. Assim como enriqueceu,
tudo foi lhe tomado, pelas jogatinas, mulheres e bebida. Do vasto patrimônio
perdido, apenas um velho paletó e um luminoso revólver calibre 45. O revólver
em uma mão, o vinho barato em
outra. Naquele
A Velha Senhora e o Bom Homem
Uma senhora esperava
ansiosa pelos netos, seus únicos netos, filhos de André, o filho que nunca
sequer cogitaria deixa-la sem qualquer apoio. Como sempre, as crianças chegaram
como furacões na casa da velha senhora, após as bênçãos, os pequenos já se dependuravam
no balanço construído no quintal. André ao ver a mãe, já percebe o que ela
sente e isso também lhe traz sensações ruins.
Janete, de idade
avançada, trazia no rosto uma serenidade imensa e um olhar que expressava
exatamente o que sentia. André percebeu o que havia no olhar da mãe, Ivan.
_ Conversou com ele?
_ Não mãe, apesar de
inúmeras tentativas.
_ Sinto falta.
Um abraço. Era tudo que
André dispunha naquele momento.
Meses antes Ivan havia
aplicado um golpe definitivo na mãe, economias, imóveis, jóias, exceto pela
casa onde morava, tudo fora tomado de Janete de forma sórdida, tudo o que o
marido havia deixado e o que ela havia construído, foi desperdiçado no jogo e em
negócios duvidosos. André poderia odiar o irmão, mas não conseguiria. Hora de
brincar com as crianças.
Continua...
